terça-feira, 3 de março de 2009

Nostalgia...

Deviam, hoje, ser umas 21H55 quando entrei no balneário da piscina, em Beja. "Já estou atrasada", pensei.

Pouso o saco no banco e, enquanto faço correr o fecho para alcançar o meu fato-de-banho, levanto a cabeça e olho na direcção das vozes miúdas que vinham da zona dos chuveiros... E aí parei, pelo que pareceu uma eternidade, mas que não terá durado mais que meia dúzia de segundos.

O balneário já não era o mesmo... viajo no tempo, talvez uns dez anos, talvez até um pouco mais. Na minha memória corriam agora, quase à velocidade da luz, aquelas horas infidáveis (e que pareciam sempre apenas alguns minutos!) que passávamos as três nos balneários da piscina do Montijo...Regra geral, momentos de pura paródia, outros de longas conversas sobre assuntos que achávamos muito importantes, os mais importantes do mundo! Assuntos sérios, e de gente crescida, pensávamos nós. Vi-me com a Inês nas corridas do quente e frio, do progressivamente quente e, claro, do progressivamente gelado! Vi-me a cantar no chuveiro com a Paula o "Lemon tree"! Vi a nossa cara de espanto quando a empregada, a quem carinhosamente chamávamos de "Frankenstein", berrou com a Paula ao pensar que ela estaria subrepticiamente a toureá-la, quando apenas trauteava a música d'"O Império Contra Ataca"(conclusão: pouco cinéfila a senhora)! Vi as gargalhadas, as cantorias, os desatinos... ouvi as conversas...o Petiz e a "Cadela", o Gualter, o "Brasileiro", o António, o Raminhos, o "Dois-em-Um" e, lol, tantos outros! Os testes disto e daquilo, a "Stôra" Maria Amélia que não nos largava, as faltas e as negas da Inês que encobríamos como podíamos e como não podíamos...

E o coração apertou-se-me...mais de dez anos... para onde foi tanto tempo? Como é que ele se nos escapou por entre os dedos assim?

Que é feito de nós? Para onde foram aquelas horas e aquelas gargalhadas...?

Uma porta bate atrás de mim, e traz-me de volta à realidade. Suspiro, e tiro o fato-de-banho do saco. Equipo-me, na certeza porém de que não vão ser aquelas caras que vou encontrar dentro de água. Sorrio. Quanta Saudade!

Muitas vezes me perguntei porque não tinha mais amigas assim. Hoje tenho a certeza da resposta: porque não precisava de mais.

Adoro-vos às duas. Para Sempre.

Sophia.

3 comentários:

Unknown disse...

À conta da nostalgia tenho levado grandes estrafêgos ao Sábado de manhã... tadinha da "Frankenstein"!!!

É um título de muita responsabilidade o de AMIGO! A malta usa e abusa da palavra e depois caímos em redundância e falamos do "amigo a sério" e do "melhor amigo"... é como o princípio do traumatismo craniano... principio? Que treta... certas coisas ou são... ou não são... não há meio termo!

Unknown disse...

Ainda nao estou assim tao nostalgico, mas 3 palavras de quem partilha esse meio: como te compreendo...

Peregrino Boblitz disse...

Minha querida simpatia,

Talvez esteja me metendo onde não fui chamado..., mas deparei com teu blogue por acaso, enquanto fazia uma busca, neste caso uma busca sem maiores significados, diferente da tua, que salva ou patrulha...

O fato é que a busca tornou-se secundária, diante da expressão de tão belo sorriso. Não tenho culpa se tenho bom gosto...

A leitura também me foi agradável, e o espaço, ali bem disposto, permitiu meu inspirado comentário. O fiz com zelo...

Buscava por um modelo para meu blogue, o http://www.trilhascompoesia.blogspot.com/, feito ainda no ano passado, no tato, sem entender direito o que era um blogue. Ainda não entendo, ainda não sei porque o teu termina e o meu segue em frente, até a primeira postagem...

Bela Nostalgia...; você leva jeito com a pena..., e com o verbo..., o que me fez lembrar da minha Saudade..., de onde retiro alguns trechos e dedico a você, complementando a tua amizade com tuas duas amigas:


Saudade é assistir ao mesmo filme algumas vezes, sem enjoar. Quanto mais lembramos, mais nos satisfazemos, pois essa é a maneira que nossa alma tem de se alegrar, de manter viva a nossa vida, de manter vivos os nossos queridos.

Saudade é o doce carinho com que guardamos nossas boas amizades, nossos vários amores, e saudade não tem idade, pois ela acontece agora, depois do beijo da despedida, e acontece de muito distante, da primeira bola, da primeira bicicleta...

Saudade também é triste lembrança, de alguém que já se foi ou que não volta mais. Essas saudades são mais profundas, mais pensativas, mais silenciosas - entramos no campo de Deus.

Viver significa compartilhar, e compartilhar significa dividir, e só divide quem tem sobrando, nem que seja apenas amor...


Você é uma convidada de honra.

Abraços,


Boblitz

(Aqui do outro lado do Atlântico...)